quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Momentos
Um espaço solto e sem compromisso partilho o que tenho, apenas palavras soltas..
Livros leio e conversas sinto e recrio, invento e digo talvez alguém queira pensar comigo e travar uma conversa simples..
Partilho impressões e formas de estar, exercício e frustrações, dias santos e linguistas do governo, roubos e assaltos e o menino da vizinha que nem deixou dormir seus pais e vizinhos... Era os dentes, era a prisão de ventre e o eterno rabujar de nada ter ou encontrar..
Entre amigos emprestamos e trocamos livros lidos e tantos queremos alcançar..  Ouvi o ti Gaspar e a oposição gritar, assim não.. e o Primeiro delicado e já de pouco cabelo farto perdido que nem sabe o que dizer.. Na oposição reconheço alguns e outros os vejo se por em bicos de pés e dizer que haverá solução.. Na saúde vejo doentes e muito refilões sem nada ter e baixa apartar, alguns me vêem com receitas e exames de meus colegas privados onde bem gastaram e nada aprenderam que médicos tantos são e alguns nos dedicamos e outros menos.. mas todos lutamos por ver solução e males tratar.. alguns males duros de roer e doer, mas haverá clínicos que sentem e outros menos também..
Autores portugueses e estrangeiros também me deixam água na boca e sonho a ouvir histórias e contos, passagens sublinho e reparto com família e amigos e digo que autor!!
Aos meninos de qualquer idade primo por dizer sonhem meus filhos e leiam ou peçam para vos ler...
Recentemente comprei um livro de um burro famoso com memórias relatadas por uma condessa de Segur e um burrinho boneco comprei e ofereci.. disse a esses pais que sem força e obrigação lessem esses contos e histórias e deixassem a criança sonhar por favor, com um "Cadichon" ou um "Platero" de nos encantar e deixar com emoção e tradição..

quarta-feira, 8 de agosto de 2012



Reflexões de Peregrino

"That´s one small step for a man, one giant leap for manking"
Neil Armstrong




Pela primeira vez tentarei dissertar sobre algo que me é particularmente grato, peregrinação..
Nunca escrevi livro destas áreas, e neste trabalho, após um percurso de vários anos, passeei, viajei, andei e muito caminhei.. Só, acompanhado, em grupos familiares e de desconhecidos, aceitei um desafio de peregrinar, durante mais de 10 anos conheci monte, serra, alcatrão e seara, planície e bosque.. Suei uma bela estopa, fiquei molhado e algum frio, sede e apetite voraz, partilhei com amigos e desconhecidos, um trajecto, conquistei amizades e até inimigos, invejas também e orgulho, glória e muitas lições... O meu peregrinar nem diferente é, não vi deuses, santos, nem mesmo alucinações deslumbrei, vi sim, campo, flores, queimado e preto de incêndio apagado, fui saudado de muitas maneiras, efusivamente e sem interesse, mas por lá passei e deixei senda de andar a pé por um trilho que considerei divinal e sempre, sempre fiquei com vontade de lá voltar..

A peregrinação em termos descritivos,em termos vivência tem sido abordado exaustivamente de muitas formas, religioso, esotérico e até fantasmagórico, obras muito bem escritas, maravilhosamente descritas e até sonhadas.. e eu que nem escritor sou, o que vos poderei trazer...
Não pretendo transmitir o que passei e não passei de sofrimento, de divertimento e estimular a compaixão, sobrelevar o acontecido e o conseguido, pois o que fiz e mais quero fazer é apenas andar, igual a outro, criança, velho e entrado como eu..
A dissertação que  irei tentar escrever e partilhar será apenas uma autêntica viagem com excitação, ansiedades passadas, frustrações, objectivos alcançados e nem por sombra sonhados, acreditar em nós próprios, habilidades e capacidades conquistadas, bolhas nos pés esquecidas e tratadas, dores aqui e acolá tão dextras e sublimadas, gastronomia conhecida, águas divinais bebidas em fontes esquecidas, algumas confidências, um tempo, momentos e claro muita excitação, muitas palavras, muitos pensamentos, muitos e muitos sonhos.

Escrever as "Reflexões de Peregrino" tentarei que seja divertido, como se de férias grandes se tratasse, quebras das rotina, quebra da pasmaceira do nosso quotidiano, com momentos difíceis, e quem vos relata apenas um ente igual a tantos outros com palavras doces e amargas e com uma intenção de partilha o meu amor que tenho pelos trilhos, pela vida e quem sabe pela partida.. Convido a todos a me acompanhar e a pouco e pouco desfrutar uma leitura sem dores, sem mágoas, mas com entusiasmo e com cor...
O meu peregrinar cursou por várias épocas, em períodos que mal havia albergues, onde o trajecto nos obrigava a pernoitar em sítios de improviso, hoje alguns pontos de abrigo, lindos nasceram, mesmo em Portugal, porém sempre vos digo que aceito que gentes por questões que me ultrapassam tenham de procurar hotéis ou outros pontos.. Um albergue é um recurso digno e de louvar e o sugiro ao peregrino, não é um hotel, nem pensão, nem celeiro ou eira, em geral é um local digno em que o peregrino deverá respeitar e o fazer mais seu.. A noite em que se chega a um albergue, esse espaço será tão digno como a sua casa durante esse tempo...

Neste prefácio talvez nem tanto, apenas vos direi, vou descrever uma viagem, um guia de reflexão, a ideia do peregrinar, o destino, a meta,a preparação, as imensas dúvidas e, ainda tantas tenho, o confronto, a partilha, o doer bem no fundo, o chorar e a alegria, os sorrisos, o sentir-se renascido, criado e crescido, irmão e irmanado, até os identificamos os que nem gostam de nos ouvir, de nos sentir por perto, quando chegamos com um tom de pele de peregrino, com um andar mais acelerado, com mais paciência, com mais tolerância e compreensão, por criança, adulto, velho e também pelos sem razão..  Até os que nos odeiam, os vemos com outros olhos e até temos pena deles, sofremos e somos sofridos, temos sangue da mesma cor, nos dói tanto como outro qualquer e também gostamos de ser amados como os amamos também e lhes perdoamos...

O desafio está lançado, o meu escrever será uma tentativa de dar sem nada pedir (voto de peregrino), e amanhã ou depois vou escrevinhar mais, as minhas "Reflexões de Peregrino" num espaço de Palavras Soltas de Peregrino...

Obrigado pela vossa atenção
manuel vazquez



sexta-feira, 3 de agosto de 2012


Peregrinação com minha companheira, com minha amada...

Cursava já uns anos passados, éramos mais novos e nos amamos tanto agora como antigamente... Decidimos ir os dois em caminho, em peregrinação, partir de um ponto, de um lugar de comum acordo em terras de Portugal ou de Espanha.. Destino traçado, meta desejada, albardámos as mochilas e pés bem calçados, filhos entregues aos avós, eram meninos e ainda nem percebiam bem onde iam seus pais de paus aviados e mochilas às costas.. Dormimos em Tuy, num hostal onde fomos muito bem recebidos e estimulados.. De madrugado levantados, pequeno almoço e no dizer dos residentes "muy malo dia pra caminar peregrinos..".
Quando saímos do Hostal compreendemos a mensagem, chovia belo chover, mal se via o céu e a luz do dia, mas decididos lá fomos com ilusão, com companheirismo e com fé, sim porque para estas coisas alguma fé se tem de ter nos bolsos e na alma...
Subida ingrime, procurámos a catedral de Tuy, catedral que já conhecíamos e simbolicamente dissemos adeus a San Telmo e lhe pedimos nos ajuda....
Campos molhados, roupa bem encharcada e nem capa nem coisa, a molha estava dada, lavados,a ilusão ia, e o prazer de andar e ir sentido..
Após as primeiras milhas, um café tomado e sempre em frente caminhamos, os regatos corriam forte, nos amparámos e num lugar divinal, sentimos as primeiras magia do caminho.. Se alguém conhece as identificará, ponte de madeira e um regato, umas cruzes, uma placa de lembrar, lugar de febre e adoecer de morte de San Telmo, um aroma estranho de paraíso, uma luminosidade fantasmagórico e pedras onde nos sentámos.. Repousamos e de mochilas arriadas, fechámos os olhos e peregrinos nos sentimos.. Ainda hoje me arrepio desse momento único, o coração toca, a respiração acalma, os pensamentos fluem, as angústias cedem e a esperança renasce... Molhados e eventualmente baptizados e abertos a um renascer e ser "peregrinos"...
Lá seguimos e mal sabíamos o que nos esperava mais à frente.. num bar junto à estrada ou melhor trilho, uma senhora varria o chão e qual o meu espanto distingo uma pagela, uma imagem molhada da Virgem Maria, Nossa Senhora de Fátima, grito dado e pedi para apanhar esse papelinho simbólico e que me acompanhou sempre e guardada a tenho em minha casa... Já a mostrei, já a partilhei e tão bela a acho sempre que a vejo, lembro a peregrinação passada e concluída..

Depois veio a recta do purgatório, quilómetros de muito andar, sem abrigos e de trânsito infernal, andámos e nem parámos, nos pareceu e parece o trajecto mais enfadonho do nosso trilho, nem serra, monte, bosque e mesmo deserto se compara o que sentimos nesse contexto, molhados, pés doridos e incomodados pelos aromas, pelo cenário de armazéns, de fábricas de centrais y oficinas... Porriño nos surgiu como um lugar de refugio e onde pernoitámos e recuperámos energias, com uma refeição quente, um dormir numa cama, um secar roupa sapatos e corpo, banho quente e nem constipados ficámos, pois a magia do trilho nos purificou o corpo e a alma.. Credenciais carimbadas em Casa ilustre de un buen hombre e arquitecto ilustre de España.. Um dia passado a andar, umas quantas horas, poucos quilómetros e muitas experiências que nunca conseguirei relatar.. Porém vos digo Sou peregrino e ao trilho o devo o sentimento de querer mais voltar..

No dia seguinte lá voltámos ao trilho, mas este primeiro dia vos conto e relato o que sentimos e tanto gostámos de passar e registar..

quinta-feira, 2 de agosto de 2012


O peregrinar é mais do que andar...

O peregrinar será mais do que andar, será mais do que nos doer até às entranhas, o passar calor e frio, desesperar não ter onde dormir, ver gente chegar de carro a albergue sem mochila carregar e ter "plaza".. Ai desespero sentido, nem ódio já o tenho e pena imagino que vejo essa gente andar pelo trilho sem peregrinar.. Como vou aprendendo a ser peregrino, como a pele dos meus pés é rija e dura, como os gémeos sempre tonificados.. Nos joelhos por vezes doi e uma massagem com creme alivia e nos diz.. estou mais velho, mas ainda quero ir mais e mais ao caminho chegar.. Da porta de minha casa, e do ventre de minha mãe vim, pedi logo alimento com berreiro certo, como pai aprendi que ser progenitor é saber amar, mudar uma fralda, dar banho e aturar tanto e até o desespero da mulher em não conseguir suportar tudo e, até o marido aturar.. Ser peregrino, nos obriga a pensar, a chorar, a rir, a recordar e saudar gentes, nossos familiares e outros não.. O caminho da vida é um trilho de todos, mas ser peregrino é algo transcendental, mágico dizem uns e ainda nem sabem que é meramente um simples andar e eventualmente chegar e mais querer lá voltar...
Vejo gente com credenciais e compostelas, com cajado e mochilas lindas e fotos divinas, desabafos, livros escritos e eu tenho tão pouco para dar... A minha mão, os meus calos, as minhas dores, a pele algo queimada pelo Sol, alguns cabelos perdidos e esbranquiçados, um bigode cortado após o 1º Trilho de Santiago.. Um despedir de meu querido pai, um oferecer o meu Tau do caminho suportado, a minha saudade de tios, avós e pais, a minha família.. Sei que ser peregrino tem tanto e tão pouco, estudo, glória, e muita emoção..
Ensino filhos, irmãos e amigos que este caminho é tão ingrime por vezes e me dói tanto suportar, a sede que se tem, a fome, a angústia e alegria, a esperança redobrada, o desafio conseguido e a amizade do partilhar momentos, trilhos e tempos...

Escrevo muitas vezes, lembro os momentos que vou passando, o preparar, o ter sempre vontade de afagar o nosso pêlo, acarinhar os que amamos e dar, dar muito, entusiasmo e esperança, um sorriso, uma esperança.. No governo de um país em crise vemos tão mau trato, nos tiram tanto e tão pouco nos dão.. Todos acabam por morrer, uns de doença outros nem sei de quê, mas todos vão e ninguém cá fica pois então... O tempo que cá estou aprendo mais e mais, a rezar às vezes, a praguejar, a desesperar e perguntar a um Deus porquê.... Ao caminhar não só peregrino como ando e vejo, oiço e sinto e essencialmente sonho.. O sonho comanda a vida e partilho o meu sonhar de olhos bem abertos, brinco, e digo.. "Oh minha gente como é tão bom vos dar uma festa e mesmo um beijo, porque não..." Aos meus cães e gatos os mimo e tão difícil é quando adoecem e um dia partem... Com as gentes nem será tão diferente e ver padres e curas que a peregrinos rejeitam a entrada do seu companheiro de jorna e de peregrinação.. Em Fátima vi reza e oração a automóvel e mota e porque não deixar entrar no recado de uma capela um irmão cão que nos suportou em caminho a tão difícil jorna.. Os padres são mestres de culto, alguns serão eventualmente peregrinos, mas poucos são nossos verdadeiros irmãos de coração...
Peregrinar é muito mais do que andar e lembro uma e outra vez mais, mais do que ir a Santiago ou Finisterra chegar.. A idade vos ensinará e os trilhos vos darão informação da escola onde ando a aprender ainda e espero cá continuar com a mesma vontade de ir e continuar a ir a um trilho e mais outro que nem sei ainda onde vou...
Peregrino sei que sou e irei continuar...


Marcos no Caminho de Fátima

Caminho, te procuro, te prespectivo pista, te dou os meus passos, caminho e ando, sei que ali mais além vou ver, vou até barafustar, orações muitas houve, e me agarrei tanto ao meu Tau..
Num monte, numa vereda e num campo agrícola me imaginei continuar e a meta ali tão longe ainda.. Companheiros juntos, uns mais depressa, outros mais lentos, mas todos nos preocupavamos em querer chegar e bem...
Conheço os caminhos de Santiago, conheço mil trilhos, sei que pé ganha bolha e por vezes dói... A quem me quiser acompanhar o levarei numa viagem de um pequeno grupo, de gente, todos da mesma família, um meu primeiro filho, outro meu cunhado que conheci com cinco anos, outros e mais eu... A minha sombra de novo reflectida e sentida, costas bem preenchidas de mochila e na mão báculo forte e esperanças feitas e sempre renascidas em eterno peregrino..
Gosto tanto de ser peregrino por trilhos santos, por trilhos de campo e mato, sei que nem Santiago eleito, nem Fátima, Lourdes, Roma ou Jerusalém reunem consenso e agrado de todos, mas este trilho dos caminhos do Tejo tanto me agradaram que os recomendo a sacristão, cura, muçulmano, hindu ou ateu...
Marcos e flechas surgiram do nada, limpei mato que as cobria e até levantei marco caído, segui e cheguei, flechas azuis e amarelas, sempre bem vindas, simbolos vários de ir para mais além, para um ponto eleito, Fátima foi a meta e tanto gostei..
Hoje já com fotos vistas e algumas expostas, soam memórias no meu peito, as dores passaram, bolhas felizmente não as houve nos meus pés, mas foi duro e gostei sem dúvida...
A quem quiser lhe direi, conheçam este trilho, façam um trajecto e sintam a melodia de um bom campo de Portugal.. tem cores, tem flores, tens odores e amores, venham e passo a passo conheçam o vosso caminhar num trilho diferente, entre leziria ardente e serra.. A quem me disser ser peregrino só de Santiago lhe digo, meu amigo nem sabes o que é enfrentar o desafio de ser mais peregrino e mais além...

quarta-feira, 1 de agosto de 2012


Magia ou Realidade do Caminho de Santiago..

Fortes lendas e histórias nos contam e iludem por um trilho vamos e tantos caminhamos...
Santiago foi e será identificado como um apóstolo de Cristo, divulgou também a palavra de Jesus, nem sempre amado, nem mesmo odiado, mas sabemos que perdeu a vida e sua cabeça com espada cortada..
Esquecido durante muitos séculos e num mundo diferente, num mundo conturbado, de conflitos, de falta de tudo um pouco, de crise, de omissão ou escassez de esperança, de vontade de enfrentar, de desafios, de vontade conquistar e vencer, uma lenda surgiu, um leigo viu e clamou milagre ou não.. Um túmulo muito antigo, umas ossadas mal identificadas e celebradas como santificadas, reconhecidas por autoridades e apresentadas como uma nova etapa, uma nova meta, um centro apelativo de ir, de caminhar e chegar, venerar e tanto partilhar...
Catedrais elevadas, igrejas e Reis, monarcas, rainhas, princesas e frades, monges, freiras, e até santos vieram.. Do povo também quiseram vir, soldados, capitães e generais, todos sem excepção, oficios, artifices e mestres se organizaram e edificaram um património de cidade do mundo ocidental, de eleição, de peregrinação e de adoração..
Mais de milhares e milhões de gentes vieram e não só do mundo cristão, árabes os houve e orientais, magos, doutores, leigos, laicos e mesmo ateus, todos sem excepção reconheceram o valor, a glória de vir e eventualmente chegar.. Vaticano nem sempre convencido, cidades outras reclamaram ser e ter mais atenções, em España também, em França, em Itália e até no mundo de Leste..
Porém,, sem saber o mito se converteu em peregrinação, em devoção e como reza a história, o poder da oração conseguiu o impossível, uma nova Jerusalém celeste e Ocidental nos surgiu e assumiu o valor e o prazer de o ter por perto e nem preciso ir à China e vir para poder saber o valor de imenso peregrinar e aceitar o desafio de um dia chegar e mais querer voltar...

A presença de Santiago de Compostela ultrapassa um adorar de simples restos mortais de um alegado profeta mártir trazido em barca das terras distantes do oriente, transladação tão em voga e costume oriental apaixona o crente da idade média e nos deixa em dúvida e expectantes.. Sabemos que os Reis dos tempos idos, do mundo em conquista de terrenos perdidos ou cedidos a mouros, usaram Santiago como um estandarte, como fonte de prestigio internacional, mas mais houve e há, o testemunho humano foi semeado e cultivado pelos humanistas, sem reservas nem muita controvérsia foram aceites por realidade e magia, gentes de todos os pontos, de mundos tão distantes vieram com vontade de ultrapassar a monotonia de suas próprias vidas, oportunidade de ver o mundo, de desbravar o desconhecido de passar o desafio, tanto geográfico, como mental, fisico e espiritual...
Santiago ultrapassa o seu destino ou meta transcendental, o apelidado mito Jacobeo movimenta-se, desenvencilha-se num terreno muito emocional.. O tão proclamado triunfo militar presente na figura e ícone do "mata-moros" pouco importa e revela-se inconcebível de manter e crer..  A proclamada chuva de estrelas mil anunciada entre os domínios de Afonso II e carlos magno nos finais do século VIII, foi alimentada pelo fenómeno popular e crescido pelo Bispo Teodomiro com as gentes e clérigos da Iria Flávia. Santiago ocupou e ocupa um lugar de destaque como Patrono de toda a Espanha e além do mais misterioso..

A magia do Caminho tem por base uma idealização de auto-realização real e presente, onde uma grande viagem havia, com incómodos vários, perigo, aventura, desafio e sofrimento.  O conceito de peregrinus é muito antigo e mesmo no mundo antigo se identificam peregrinos que se dirigem a um ponto sagrado, nomeadamente Esculápio ou Asclépio, templos onde essas gentes pernoitavam e durante o sono procuravam solução para males e doenças. O bastão de Esculápio muito se assemelha ao bastão de peregrino de Santiago, vara de magia e defesa, de ataque e de identificação..

Os motivos de peregrinação dos muitos peregrinos têm variado, porém em muito se assemelham e resumem: cumprimento de votos ou promessas, procura de saúde. justiça ou graça, curiosidade, aventura..

Hoje, mesmo num mundo moderno e de comunicações, o peregrino se obriga voluntariamente a uma ausência de sua terra natal, da sua língua, de sua família, do conforto do seu lar, dos seus amigos, das suas ocupações,experimenta o grande desafio de andar e mais andar, pernoitar onde calha, comer o que pode, partilhar, retribuir..

Peregrino de Santiago é reconhecido culturalmente, socialmente, religiosamente e humanamente como uma figura real, mas com magia, com mistério e meio estranho, fascinante e cativante...

Que o sol não me encandeie os olhos do peregrino que teimo ser e manter...


Velhos,,

Todos querem viver por muito tempo, mas ninguém quer envelhecer”. Esta frase, atribuída a Benjamin Franklin..

Tantos vejo, tantos conheço, tantos os observo e eu próprio me vejo a ficar mais velho..
Meus pais morreram com farta idade, seus filhos viram criados e netos nascidos, sofreram, passaram e gozaram.. Vos garanto foram felizes e até os meus cães e gatos se lembram deles.. Felicidade chegar a ssim a velho.. A Deus peço esta graça, um dia chegar a velho, ver a pele enrugar, os cabelos a engrandecer ou a caír.. Limitações dores e acima de tudo.. mais experiência e respeito dos outros.. Sempre aprendi com os mais velhos, sempre deixei os velhos se queixar e dizer tou tão sozinho.. O poema de Florbela em que nega o envelhecer e gostava de morrer jovem.. Tristes os que morrem bem jovens sem chorar  e rir de emoções.. Ninguém devia morrer sózinho nem muito acompanhado, apenas algo de suporte e nada mais.. Os velhos ensino a meninos, não cheiram mal, nem põem botokes, são gordos, saõ magros e tanto passaram que por vezes dizem ai e reclamam tanto.. Aos velhos lhes digo meus amigos eu gostaria de um dia ser tão velho como vocês.. Em sociedades primitivas se abandonavam velhos na serra e no conto de Miguel Torga o abafador dava conta do eleito.. Velhos viveram, velhos sofreram e gozaram e um dia morrer.. Velhos temos no governo e no ministério e nos cemitérios graças a Deus... A esperança de morte tardia aumenta e todos querem morrer tarde, mas de velhos não querem... A pouco e pouco reconheço uma árvore mais velha e mais robusta é, resiste até a fogo e ao lenhador põe-o de largo pois forte tronco se torna dificil de abater.. As árvores velhas são exemplo de ver nascer, crescer e amadurecer e claro envelhecer... Gosto de ver os nossos velhos e de os ver rir e com eles brinco mesmo no infortunio da dor e da doença que tento suportar..

terça-feira, 31 de julho de 2012

Santiago fui..

Andei dias e dias e mais dias depois.. A pé fui e amei, atravessei montes e vales e vi o mesmo que muitos outros, mas depressa me comovi, com o repicar de uns sinos, com o murmúrio de um riacho, com o próprio zurrar de asno que não eu, e pelo simples cumprimento e olhar das gentes do Norte, da Galiza e da España...
Na família sabem que de vez em quando vou e nem digo quase nada a ninguém. todos se estranham como aguento tantos dias e nem cansado fico demasiado, mas ao fim de algumas horas vos garanto doi aqui e ali e tenho de descansar.. Um albergue nem sempre há e que mal me assenta ter de tanto esperar na porta o abrir em hora vespertina e com ares de policias na fiscalidade do querer apenas descansar... Podem chamar turismo barato, e já os vi a molhar-se com esponja e simular suor perdido, mas nem forças tenho muitas vezes para reclamar, mas uma sombra, uma água fresca bebida na casa de um vizinho me sabe a graças de deuses e me sinto fortalecido pelo sorriso das crianças, dos idosos e das minhas gentes que aprendi a chamar de irmãos.. Peregrino a pouco e pouco anda, peregrina e partilha, conta o sol, a chuva e mesmo o frio da manhã, as horas de muito andar e sentar num carvalho da esquina do bosque e tanto se deliciar com o canto de um melro namoradeiro.. Os sons do caminho são imensos e muitos nem os ouvem nem sentem, ensinei jovens a arrepiar-se com a brisa no canavial a comunicar sons de outros tempos e almas de possíveis avós.. No som do regato, aprendi a sentir a minha alma lavada, em subida tão cansado estive e em descida ingrime dores horríveis senti..
Sempre me lembro do bom e do mau, do desafio, do bem que me senti e sinto ao recordar a minha senda, o meu trilho passado... Me perguntaram quantos quilómetros andei e respondo sempre .. "poucos para os que me faltam ainda andar..."
Quem foi e é peregrino talvez me compreenda este desabrochar, de reencontro de memórias e vontade de voltar a ir e andar..
A uma praça sempre chegamos, sempre paramos e tão diferentes nos sentimos, mais fraterno e mais ternos, mais afáveis e quando vejo um hospitaleiro soberbo e árduo digo.. este não foi nem será peregrino na vida e na morte, pois ser peregrino é entrega, é dar, é perdoar e amar... Lastimo tanto dizer e tanto escrever com o desejo de reflectir o que sou, o que faço aqui e para onde vou.. Quero apenas dar e nada pedir e tão dificil é passar por mendigo e apenas dar um sorriso pois também a bolsa se esgotou..
A Santiago fui e hei-de de novo ir para dar a alguém um carinho e o meu apoio de irmão do caminho...


Peregrinar e mais andar..

Peregrinar, tantos o são e tantos gostariam de ser... Desde já a alguns anos, mais de 10, caminho e perspectivo e interiorizo um peregrinar.. Sempre tenho mais por aprender e por saber.. Peregrinos somos desde o nascimento e nem sabemos, talvez na barriga de minha mãe andei e nem sabia o que era peregrinar pois então.. Da Idade Média li relatos, da antiguidade se falava em peregrinos de então, gentes em missão e em progressão.. Nas sagradas escrituras, dos tempos antes mesmo de Cristo, uns Judeus fugiram e deram o nome de Exôdo.. Mas outras peregrinações houve no Ocidente, no oriente e quem sabe noutras belas terras do mundo distante e ainda nem conhecido..
Todos os dias ao me fazer a um trilho, ando e nem sempre de igual pensamento, de transcendente impressão da cor do céu, das árvores que já conheço, dos pássaros da manhã e das cigarras da tarde.. No princípio da noite escuto a brisa, os grilos e os ralos e todos me dizem que nunca estarei só.. Triste figura que nem cavaleiro ingenioso e imagem de paixão de Quijote que na sombra mais Pança me assemelho.. Sei que sou eu, pois mais ninguém vejo e sinto.. Por vezes me assusto e toco ao de leve no peito e o bater sinto de estar ainda vivo e pensante.. Se encontro gentes a todos cumprimento e se no campo vou, sempre digo bom caminho vamos... Tempos de verão, de sol ardente, de falta de férias e de cansaço permitidos, dúvidas se vamos saír da crise e conseguir aturar meninos mandantes.. Farto de querelas, de lutas e disputas, de invejas nem retidas, por tanto peregrino e ando e nem me sinto cansado no belo desafio de tentar chegar.. A Santiago, a Fátima, ao monte, ao rio e mesmo ao mar, ao verde do bosque e nem floresta tenho, nem feras amansadas, mas vespa ou abelha sofro por vezes de ferroada pela certa.. na lancheira pouco levo, mas na alma forte esperança e fulgor em muito partilhar e amar... Viva o caminhar, viva o andar e deixar uma marca no chão do meu sempre peregrinar...
Aprender a ser Peregrino..
Oiço e escuto tanto sobre os Caminhos de Santiago, douto hospitaleiro, professor e douto, que nos "vende" e apregoa tradição de trilho por certo antigo e santo.. Mas, não me vergo e clamo com forte estima e agrado em mais ouvir contar e partilhar com muitas reservas de quem chegou a um ponto do querer tanto saber para a vida e não para a escola (Seneca), porém importa esclarecer no citado de Estobeu (Coloquios III) "é inutil o saber sem o entendimento". Como peregrino continuo a minha jornada, juntando o saber e o andar na alma, deixando-a contudo tão imperfeita e reles .. "aprender até morrer".. reza o ditado popular..

segunda-feira, 30 de julho de 2012


Sempre o mar que tanto me apaixona..
Memórias de Férias Grandes...
Quando tinha 13 a 14 anos, era jovem, nem criança, nem homem, estudava e tanto queria um dia ser Médico, lia vidas de Pasteur, de Fleming e de tantos outros.. O ser clínico me despertava o interesse, abria animais, via seres minúsculos no microscópio oferta de meu irmão.. Como sei e acalento tanto o sonho de menino que eu também tive.. Os anos escolares decorriam e as crises da altura havia, meus pais tanto me davam e meu irmão sempre me estimulava a ir na direcção do sonho.. Tentei e tentava ser bom aluno e fui aluno de quadro de honra, mas nem sempre era assim, negatives e dificuldades tinha, imaginem no português, na língua que hoje tanto prezo e amo.. Talvez por me ter aplicado a ler e ler mesmo muito, de bibliotecas itinerantes da Câmara Municipal de Lisboa, da Gulbenkein e de outros cantos, nem que fosse em casa de colegas.. Li livros de muitas letras, de banda desenhada e em língua estrangeira, em francês o Asterix... Hoje, sei que essas leituras me despertaram o gosto que mantenho de ler e mais ler, conversar com amigos a "guerra colonial", o que seria o comunismo, a democracia, a aventura, a luta, os livros proibidos e a literatura de escritor português proibido, "Crime do Padre Amaro" e outros.. Enid Blyton toda a colecção li e gostei..
As férias vinham e demoravam, e nem podia ir para muito longe, praia era festa e me dediquei a observar planta, flor, animal e o Tejo grande da quinta das pintoras onde nasci e fui criado...
O final de Julho era a altura de mais entusiasmo e glória, vinha a viagem, vinha a descoberta, vinha o mundo novo que eu já conhecia de bebé..  Mimos de tias, tios e avós, ver amigos, ver os primos e ver um ambiente diferente de língua e costumes dos meus antepassados e que ouvia sempre meus pais falar, Andaluzia, un castillo, uma aldeia de muitas casas brancas, de gentes que muito tinham passado numa guerra e que às escondidas me revelavam... Uma aldeia onde havia burros, cavalos e mulas, carroças e costumes tão variados.. Um passear, um conversar e até um declamar poesias, baladas a meninas e namoriscar aqui e ali... Irei tanto vos contar e lembrar e quem sabe chorar... Memórias as tenho e as gostaria de partilhar num desbravar da história e da vida que foi a minha e a vossa também.. Férias Grandes as tive e gostei, por isso lembro com gosto e prazer..
Este Prefácio pretende ser um esboço de um conto, com aventuras, ficção e romance e atenção, algo será verdade e outra criação no direito de querer cativar o vosso prazer de ler.. Obrigado..
Manuel Vazquez
Homenagem aos Professores..
Aos professores tanto agradeço e digo.. bem haja a vossa obra e o vosso trabalho.. Com filhos, sobrinhos e amigos sempre teimo levar e pouco comer, pois aprendi com doutos profes.. :
Tanto trabalhamos para apenas encher a memória e tanto deixamos vazios o entendimento e a consciência.
Lembro a todos que os nossos queridos mestres tal como aves depenicam nos livros a sabedoria e a ciência, não a comem, nem a deitam fora, mas nos brotam a semente do conhecimento e de um mais querer saber... Não serei professor, mas depenico muitos livros, muitos autores e em todos retenho uma e outra coisa para difundir e partilhar o prazer do tal saber...

domingo, 29 de julho de 2012

Fim de Semana..
O fim de semana passou e tão pouco dei por ele, fui à praia, curti um sol, mexi na areia, e molhei os pés, vi gentes a chegar e a partir da praia, com crianças, lembrei os meus filhos quando eram pequenos..  Hoje eles são grandes e nós, eu e minha esposa mais velhos..Reconheço a importância da autonomia de um jovem e o difícil que é hoje ter essa mesma, face à crise e às problemáticas da troikas e companhia.. Filhos e nós vivemos tempos conturbados, meus pais e avós também as passaram e sorriram.. Lembro com saudade as festas, os convívios, o baile na colectividade e ir ver tv na sala do Ateneu (sociedade recreativa).. Partilhei jogos de andebol, gritei pelos heróis eleitos em campo no ringue e curti um mil folhas oferecido pelo Senhor Pároco.. Os vizinhos me diziam "como cresces rapaz.." O sábado era um dia agradável em que conversava com amigos e também inimigos, tocava músicas na viola e as modas da altura.. Falava-se de moças bonitas e belas e de outras tão feias.. Constava um baile na colectividade do bairro contiguo e lá iamos nós.. Não havia euromilhões nem dinheiro para outros jogos, mas um bilhar a meias era curtido e um ténis de mesa também.. Hoje, adulto que sou vejo que a sociedade é mais estéril, poucos se dão e poucos conversam e nem partilham as riquezas e as dores.. Em geral comunico com tudo e todos, telefonemas, conversa e brincadeira e coisas sérias também.. Hoje. mais do que nunca, nem partidos políticos temos decentes e criativos e tão poucos sabem jogar xadrez ou mesmo damas.. Tertúlias, proclamo e partilhas.. Com minha esposa abraço e beijo e não canso dizer a filhos, sobrinhos e amigos.. "gosto muito de vocês.." Mais uma vez recordo o passado e aprendo a enfrentar amanhã a 2ª feira, irei a pé e saudarei a manhã se Deus quiser..
Peregrino em trilho..
A vida..
Quando nascemos nem sabemos... A nossa mãe nos pare e o nosso pai imaginamos atende, mas a nossa querida mãe tanto suporta e atura.. Mamamos quem nem leitões e tanta trampa brota que nem fralda suporta, choramos, pedimos colo, atenções e afagos e por vezes até sorrimos e enchemos o coração de quem nos atura e suporta.. Mais tarde, quando somos pais também suportamos e tanto desesperamos quanto nossos pais.. Ter, tenho dois filhos, e nem sei do qual gosto mais, mais de dois amores tenho, pois a minha esposa tanto amo e gosto..
A vida tem tantas coisas, nem só infância e adolescência, graças a Deus, diriam meus pais, pois criança que se faz homem ou mulher dá tanto que fazer.. "Filhos criados, cuidados redobrados.." diz o ditado, mas na verdade aprendo que dos dois filhos que tenho, ambos me deixam sossego e preocupação, alegrias mil e tristezas algumas também.. Nem só de males, nem só de autonomia, mas dos problemas da vida falo... Amores e desamor, conquistas e frustrações, nascimentos, casamentos e baptizados e defuntos também.. Ensinar filhos é obra, mostrar que mesmo cansados devemos mostrar esperança e sorrisos, perante os males, tranquilidade, perante os obstáculos, acreditar nos desafios.. Tanto aprendemos como ensinamos a filhos e não só, a vida tem destas coisas...
Num desabafo de quem foi filho, neto e hoje pai, digo e direi.. sempre devemos aprender a suportar tudo aquilo que nem conseguimos evitar. A harmonia do instante, nem será a harmonia do eterno, mas toda a vida é composta de muitas coisas, boas e más, agradáveis e tão desagradáveis, com momentos tão solenes, tão altos e por vezes tão deprimentes e baixos.. A melodia do viver e acreditar tece uma música difícil de ouvir sem emoção, sem participação, maestros de vários instrumentos, de músicos vários, de técnicas tão difíceis e não contidas.. é a nossa vida para a qual nascemos e um dia partimos também...
Sou Peregrino..
Caminhar dias e dias, e procurar chegar.. Qual as diferenças de ir de peregrino ou peregrinar em caminho.. Qual a diferença levar uma mochila, pedir água a vizinho e dizer baixinho.. estou tão cansado... Andei dias e muitos dias quero mais andar, fiz peregrinações de breves dias e de muitos outros dias, muito aprendi num dia e mais noutro que hei-de ir pois então... Gosto muito ser peregrino e partilhar jorna e chegada, amo confraternizar e abraçar gentes, agradecer e agraciar com beijos e afagos quem passa e diz .. este tá maluco... choro e rio e muitas vezes grito e canto.. Sou peregrino...
O relógio de sala...
Gosto de ouvir o relógio de sala, ele caminha e toca apenas as badaladas principais das horas, nem me incomoda.. Relógio antigo, herança de um tio, todos os dias corda lhe dou, velho o seu toque, toque, me marca o tempo, as horas, os dias, os meses e quantos anos terá.. material antigo, madeira escura, de marca pouco clara, sempre o olho e recordo meu querido tio... Recordações nos enchem a vida, e o futuro sempre nos ensina mais andar e ter esperança, trilho de todos e dos desesperados e dos elogiados, dos eleitos e dos perdidos, mesmo dos mortos, seu tempo eterno será.. de ossos, pó resulta matéria inerte e modificada, mas nos vivos esses oiço na rua, no infantário perto logo pela manhã, com gritos e festa de passeata e idas ao campo e praia.. gosto de ver gente nova e velha, gosto até de gentes da minha idade, mulheres, homens e crianças, gente simples e bem complicada, loucos e loucas e meio malucos, todos ricos, pobres e remediados somos tantos e ao mesmo tempo tão tolos... Hoje será quinta feira, um dia como outro qualquer, mas amanhã será o principio de um fim de semana, com sol ou tormenta, mas será por certo um bom fim de semana.. Os tempos que o meu relógio toca e mede são dificilmente, mas certos, segundos, minutos e horas, todas passam e voltam a passar, mas a corda tenho de dar para não parar..
O meu Avô Juan Vazquez..
Num viajar de menino entre a cidade onde nasci e a aldeia de meus pais, passei por citadino da capital de Portugal a estrangeiro em terra estranha de uma aldeia da Andaluzia, de España.. Idiomas diferentes e aprendidos de menino, por isso muitas vezes os misturo e componho.. aprendi a andar de equino, asno e besta, recebi mimos, beijos e afectos de avós, tios e tias e claro primos, primas e amigos.. Sempre recebi e tão pouco dei.. lembro o picar da barba de meu avô Juan, de chapéu de aba larga, homem grande e de braços tão fortes que içou o sino da igreja só... Orgulho tenho da sua imagem e retenho nas minhas memórias seu porte e o de minha Avó Paca (Francisca) amputada de uma perna por disparo de arma de caça.. Sempre repudiei a caça e as armas e sempre lembro minha avozinha que tanto carinho me dava.. um café que de cheiros e aromas nunca se esquecem e bolinho de festa, arrecatado para neto reservado... Mais vos digo, de cavalos grandes e bonitos os havia e um montar e dar carinhos e cuidados às bestas com respeito e sem superioridade porque cavalo é ou burro sabe quem o é homem bom... Uma foto há de cavalo branco montado por meu avô, o rei D. Carlos de Portugal, ido a España em caçada real.. Perguntou a meu avô quanto custava aquele cavalo branco que parecia de Santiago, era uma oferta para dar a sua esposa Rainha de Portugal.. Meu Avô, com solenidade e rigor, respeto, siempre acalentado en su porte y herencia, disse.. para a Rainha é e foi assim criado... Quem for a ao Palácio de Mafra encontrará por certo alguma foto da Rainha num tal cavalo branco que só Deus saberá se foi oferta di mi querido avuelo Juan Vazquez de Paymogo...
Mau Trato da Palavra..
Nos jornais, nas revistas, nos livros e até na TV.. muitos há que golpeiam a palavra.. nem Ministros escapam, professores e doutores, advogados e peritos e claro analfabetos e desvirtuados, golpeiam, sim, batem mesmo no idioma e na própria palavra.. Não sei se é por a palavra ter pouca vida, mas não vi sangrar, e dizem que a palavra está viva e tem vasos de sangue de um povo.. Acredito e reponho dia à dia excertos e temas, citações e livros.. autores e poetas, prosadores e até tocadores.. Vamos estimular e tornar a nossa língua sempre e sempre viva...
Talismã de peregrino
Contra os traficantes do Apocalipse, adquire um verdadeiro talismã apotrópico... talvez nem saibas onde adquirir, mas está bem junto a ti, põe a mão no teu peito, sente o bater, fecha os olhos e sonha a cores, dá um afecto, mesmo a teu inimigo e se for um animal em geral recebes algo nem que seja uma dentada do teu gato.. Vivo estarás se doer, e sentires espirro de pó de flor, aroma soberbo e eventualmente um sorriso e uma lágrima te fará estar tão forte e defendido de traficante de ódios e medos..
Ser Peregrino
Sempre procuramos ser algo mais do que efectivamente somos.. Tanto procuramos e insistimos em encontrar a utilidade na nossa própria condição e existência.. Teimamos e tanto tentamos empoleirarmos-nos em suportes de altura que nem andas.. Julgamos colocar-nos por ter atingido uma meta, um ponto meta eleito, majestoso trono do mundo soberbo e nem humilde vemos quão pequenos somos que num humilde traseiro continuamos apenas apoiados.. Peregrino que chega, peregrino que divulga as suas conquistas e feitos, tal como eu e outros.. mais tarde vemos que o proveito, o feito foi apenas o nosso pular de alma e coração emoção em ser peregrino deste mundo e com humildade e muita glória retemos na memória do nosso encanto o ter sido e conseguido....