terça-feira, 31 de julho de 2012

Santiago fui..

Andei dias e dias e mais dias depois.. A pé fui e amei, atravessei montes e vales e vi o mesmo que muitos outros, mas depressa me comovi, com o repicar de uns sinos, com o murmúrio de um riacho, com o próprio zurrar de asno que não eu, e pelo simples cumprimento e olhar das gentes do Norte, da Galiza e da España...
Na família sabem que de vez em quando vou e nem digo quase nada a ninguém. todos se estranham como aguento tantos dias e nem cansado fico demasiado, mas ao fim de algumas horas vos garanto doi aqui e ali e tenho de descansar.. Um albergue nem sempre há e que mal me assenta ter de tanto esperar na porta o abrir em hora vespertina e com ares de policias na fiscalidade do querer apenas descansar... Podem chamar turismo barato, e já os vi a molhar-se com esponja e simular suor perdido, mas nem forças tenho muitas vezes para reclamar, mas uma sombra, uma água fresca bebida na casa de um vizinho me sabe a graças de deuses e me sinto fortalecido pelo sorriso das crianças, dos idosos e das minhas gentes que aprendi a chamar de irmãos.. Peregrino a pouco e pouco anda, peregrina e partilha, conta o sol, a chuva e mesmo o frio da manhã, as horas de muito andar e sentar num carvalho da esquina do bosque e tanto se deliciar com o canto de um melro namoradeiro.. Os sons do caminho são imensos e muitos nem os ouvem nem sentem, ensinei jovens a arrepiar-se com a brisa no canavial a comunicar sons de outros tempos e almas de possíveis avós.. No som do regato, aprendi a sentir a minha alma lavada, em subida tão cansado estive e em descida ingrime dores horríveis senti..
Sempre me lembro do bom e do mau, do desafio, do bem que me senti e sinto ao recordar a minha senda, o meu trilho passado... Me perguntaram quantos quilómetros andei e respondo sempre .. "poucos para os que me faltam ainda andar..."
Quem foi e é peregrino talvez me compreenda este desabrochar, de reencontro de memórias e vontade de voltar a ir e andar..
A uma praça sempre chegamos, sempre paramos e tão diferentes nos sentimos, mais fraterno e mais ternos, mais afáveis e quando vejo um hospitaleiro soberbo e árduo digo.. este não foi nem será peregrino na vida e na morte, pois ser peregrino é entrega, é dar, é perdoar e amar... Lastimo tanto dizer e tanto escrever com o desejo de reflectir o que sou, o que faço aqui e para onde vou.. Quero apenas dar e nada pedir e tão dificil é passar por mendigo e apenas dar um sorriso pois também a bolsa se esgotou..
A Santiago fui e hei-de de novo ir para dar a alguém um carinho e o meu apoio de irmão do caminho...


Peregrinar e mais andar..

Peregrinar, tantos o são e tantos gostariam de ser... Desde já a alguns anos, mais de 10, caminho e perspectivo e interiorizo um peregrinar.. Sempre tenho mais por aprender e por saber.. Peregrinos somos desde o nascimento e nem sabemos, talvez na barriga de minha mãe andei e nem sabia o que era peregrinar pois então.. Da Idade Média li relatos, da antiguidade se falava em peregrinos de então, gentes em missão e em progressão.. Nas sagradas escrituras, dos tempos antes mesmo de Cristo, uns Judeus fugiram e deram o nome de Exôdo.. Mas outras peregrinações houve no Ocidente, no oriente e quem sabe noutras belas terras do mundo distante e ainda nem conhecido..
Todos os dias ao me fazer a um trilho, ando e nem sempre de igual pensamento, de transcendente impressão da cor do céu, das árvores que já conheço, dos pássaros da manhã e das cigarras da tarde.. No princípio da noite escuto a brisa, os grilos e os ralos e todos me dizem que nunca estarei só.. Triste figura que nem cavaleiro ingenioso e imagem de paixão de Quijote que na sombra mais Pança me assemelho.. Sei que sou eu, pois mais ninguém vejo e sinto.. Por vezes me assusto e toco ao de leve no peito e o bater sinto de estar ainda vivo e pensante.. Se encontro gentes a todos cumprimento e se no campo vou, sempre digo bom caminho vamos... Tempos de verão, de sol ardente, de falta de férias e de cansaço permitidos, dúvidas se vamos saír da crise e conseguir aturar meninos mandantes.. Farto de querelas, de lutas e disputas, de invejas nem retidas, por tanto peregrino e ando e nem me sinto cansado no belo desafio de tentar chegar.. A Santiago, a Fátima, ao monte, ao rio e mesmo ao mar, ao verde do bosque e nem floresta tenho, nem feras amansadas, mas vespa ou abelha sofro por vezes de ferroada pela certa.. na lancheira pouco levo, mas na alma forte esperança e fulgor em muito partilhar e amar... Viva o caminhar, viva o andar e deixar uma marca no chão do meu sempre peregrinar...
Aprender a ser Peregrino..
Oiço e escuto tanto sobre os Caminhos de Santiago, douto hospitaleiro, professor e douto, que nos "vende" e apregoa tradição de trilho por certo antigo e santo.. Mas, não me vergo e clamo com forte estima e agrado em mais ouvir contar e partilhar com muitas reservas de quem chegou a um ponto do querer tanto saber para a vida e não para a escola (Seneca), porém importa esclarecer no citado de Estobeu (Coloquios III) "é inutil o saber sem o entendimento". Como peregrino continuo a minha jornada, juntando o saber e o andar na alma, deixando-a contudo tão imperfeita e reles .. "aprender até morrer".. reza o ditado popular..

segunda-feira, 30 de julho de 2012


Sempre o mar que tanto me apaixona..
Memórias de Férias Grandes...
Quando tinha 13 a 14 anos, era jovem, nem criança, nem homem, estudava e tanto queria um dia ser Médico, lia vidas de Pasteur, de Fleming e de tantos outros.. O ser clínico me despertava o interesse, abria animais, via seres minúsculos no microscópio oferta de meu irmão.. Como sei e acalento tanto o sonho de menino que eu também tive.. Os anos escolares decorriam e as crises da altura havia, meus pais tanto me davam e meu irmão sempre me estimulava a ir na direcção do sonho.. Tentei e tentava ser bom aluno e fui aluno de quadro de honra, mas nem sempre era assim, negatives e dificuldades tinha, imaginem no português, na língua que hoje tanto prezo e amo.. Talvez por me ter aplicado a ler e ler mesmo muito, de bibliotecas itinerantes da Câmara Municipal de Lisboa, da Gulbenkein e de outros cantos, nem que fosse em casa de colegas.. Li livros de muitas letras, de banda desenhada e em língua estrangeira, em francês o Asterix... Hoje, sei que essas leituras me despertaram o gosto que mantenho de ler e mais ler, conversar com amigos a "guerra colonial", o que seria o comunismo, a democracia, a aventura, a luta, os livros proibidos e a literatura de escritor português proibido, "Crime do Padre Amaro" e outros.. Enid Blyton toda a colecção li e gostei..
As férias vinham e demoravam, e nem podia ir para muito longe, praia era festa e me dediquei a observar planta, flor, animal e o Tejo grande da quinta das pintoras onde nasci e fui criado...
O final de Julho era a altura de mais entusiasmo e glória, vinha a viagem, vinha a descoberta, vinha o mundo novo que eu já conhecia de bebé..  Mimos de tias, tios e avós, ver amigos, ver os primos e ver um ambiente diferente de língua e costumes dos meus antepassados e que ouvia sempre meus pais falar, Andaluzia, un castillo, uma aldeia de muitas casas brancas, de gentes que muito tinham passado numa guerra e que às escondidas me revelavam... Uma aldeia onde havia burros, cavalos e mulas, carroças e costumes tão variados.. Um passear, um conversar e até um declamar poesias, baladas a meninas e namoriscar aqui e ali... Irei tanto vos contar e lembrar e quem sabe chorar... Memórias as tenho e as gostaria de partilhar num desbravar da história e da vida que foi a minha e a vossa também.. Férias Grandes as tive e gostei, por isso lembro com gosto e prazer..
Este Prefácio pretende ser um esboço de um conto, com aventuras, ficção e romance e atenção, algo será verdade e outra criação no direito de querer cativar o vosso prazer de ler.. Obrigado..
Manuel Vazquez
Homenagem aos Professores..
Aos professores tanto agradeço e digo.. bem haja a vossa obra e o vosso trabalho.. Com filhos, sobrinhos e amigos sempre teimo levar e pouco comer, pois aprendi com doutos profes.. :
Tanto trabalhamos para apenas encher a memória e tanto deixamos vazios o entendimento e a consciência.
Lembro a todos que os nossos queridos mestres tal como aves depenicam nos livros a sabedoria e a ciência, não a comem, nem a deitam fora, mas nos brotam a semente do conhecimento e de um mais querer saber... Não serei professor, mas depenico muitos livros, muitos autores e em todos retenho uma e outra coisa para difundir e partilhar o prazer do tal saber...

domingo, 29 de julho de 2012

Fim de Semana..
O fim de semana passou e tão pouco dei por ele, fui à praia, curti um sol, mexi na areia, e molhei os pés, vi gentes a chegar e a partir da praia, com crianças, lembrei os meus filhos quando eram pequenos..  Hoje eles são grandes e nós, eu e minha esposa mais velhos..Reconheço a importância da autonomia de um jovem e o difícil que é hoje ter essa mesma, face à crise e às problemáticas da troikas e companhia.. Filhos e nós vivemos tempos conturbados, meus pais e avós também as passaram e sorriram.. Lembro com saudade as festas, os convívios, o baile na colectividade e ir ver tv na sala do Ateneu (sociedade recreativa).. Partilhei jogos de andebol, gritei pelos heróis eleitos em campo no ringue e curti um mil folhas oferecido pelo Senhor Pároco.. Os vizinhos me diziam "como cresces rapaz.." O sábado era um dia agradável em que conversava com amigos e também inimigos, tocava músicas na viola e as modas da altura.. Falava-se de moças bonitas e belas e de outras tão feias.. Constava um baile na colectividade do bairro contiguo e lá iamos nós.. Não havia euromilhões nem dinheiro para outros jogos, mas um bilhar a meias era curtido e um ténis de mesa também.. Hoje, adulto que sou vejo que a sociedade é mais estéril, poucos se dão e poucos conversam e nem partilham as riquezas e as dores.. Em geral comunico com tudo e todos, telefonemas, conversa e brincadeira e coisas sérias também.. Hoje. mais do que nunca, nem partidos políticos temos decentes e criativos e tão poucos sabem jogar xadrez ou mesmo damas.. Tertúlias, proclamo e partilhas.. Com minha esposa abraço e beijo e não canso dizer a filhos, sobrinhos e amigos.. "gosto muito de vocês.." Mais uma vez recordo o passado e aprendo a enfrentar amanhã a 2ª feira, irei a pé e saudarei a manhã se Deus quiser..
Peregrino em trilho..
A vida..
Quando nascemos nem sabemos... A nossa mãe nos pare e o nosso pai imaginamos atende, mas a nossa querida mãe tanto suporta e atura.. Mamamos quem nem leitões e tanta trampa brota que nem fralda suporta, choramos, pedimos colo, atenções e afagos e por vezes até sorrimos e enchemos o coração de quem nos atura e suporta.. Mais tarde, quando somos pais também suportamos e tanto desesperamos quanto nossos pais.. Ter, tenho dois filhos, e nem sei do qual gosto mais, mais de dois amores tenho, pois a minha esposa tanto amo e gosto..
A vida tem tantas coisas, nem só infância e adolescência, graças a Deus, diriam meus pais, pois criança que se faz homem ou mulher dá tanto que fazer.. "Filhos criados, cuidados redobrados.." diz o ditado, mas na verdade aprendo que dos dois filhos que tenho, ambos me deixam sossego e preocupação, alegrias mil e tristezas algumas também.. Nem só de males, nem só de autonomia, mas dos problemas da vida falo... Amores e desamor, conquistas e frustrações, nascimentos, casamentos e baptizados e defuntos também.. Ensinar filhos é obra, mostrar que mesmo cansados devemos mostrar esperança e sorrisos, perante os males, tranquilidade, perante os obstáculos, acreditar nos desafios.. Tanto aprendemos como ensinamos a filhos e não só, a vida tem destas coisas...
Num desabafo de quem foi filho, neto e hoje pai, digo e direi.. sempre devemos aprender a suportar tudo aquilo que nem conseguimos evitar. A harmonia do instante, nem será a harmonia do eterno, mas toda a vida é composta de muitas coisas, boas e más, agradáveis e tão desagradáveis, com momentos tão solenes, tão altos e por vezes tão deprimentes e baixos.. A melodia do viver e acreditar tece uma música difícil de ouvir sem emoção, sem participação, maestros de vários instrumentos, de músicos vários, de técnicas tão difíceis e não contidas.. é a nossa vida para a qual nascemos e um dia partimos também...
Sou Peregrino..
Caminhar dias e dias, e procurar chegar.. Qual as diferenças de ir de peregrino ou peregrinar em caminho.. Qual a diferença levar uma mochila, pedir água a vizinho e dizer baixinho.. estou tão cansado... Andei dias e muitos dias quero mais andar, fiz peregrinações de breves dias e de muitos outros dias, muito aprendi num dia e mais noutro que hei-de ir pois então... Gosto muito ser peregrino e partilhar jorna e chegada, amo confraternizar e abraçar gentes, agradecer e agraciar com beijos e afagos quem passa e diz .. este tá maluco... choro e rio e muitas vezes grito e canto.. Sou peregrino...
O relógio de sala...
Gosto de ouvir o relógio de sala, ele caminha e toca apenas as badaladas principais das horas, nem me incomoda.. Relógio antigo, herança de um tio, todos os dias corda lhe dou, velho o seu toque, toque, me marca o tempo, as horas, os dias, os meses e quantos anos terá.. material antigo, madeira escura, de marca pouco clara, sempre o olho e recordo meu querido tio... Recordações nos enchem a vida, e o futuro sempre nos ensina mais andar e ter esperança, trilho de todos e dos desesperados e dos elogiados, dos eleitos e dos perdidos, mesmo dos mortos, seu tempo eterno será.. de ossos, pó resulta matéria inerte e modificada, mas nos vivos esses oiço na rua, no infantário perto logo pela manhã, com gritos e festa de passeata e idas ao campo e praia.. gosto de ver gente nova e velha, gosto até de gentes da minha idade, mulheres, homens e crianças, gente simples e bem complicada, loucos e loucas e meio malucos, todos ricos, pobres e remediados somos tantos e ao mesmo tempo tão tolos... Hoje será quinta feira, um dia como outro qualquer, mas amanhã será o principio de um fim de semana, com sol ou tormenta, mas será por certo um bom fim de semana.. Os tempos que o meu relógio toca e mede são dificilmente, mas certos, segundos, minutos e horas, todas passam e voltam a passar, mas a corda tenho de dar para não parar..
O meu Avô Juan Vazquez..
Num viajar de menino entre a cidade onde nasci e a aldeia de meus pais, passei por citadino da capital de Portugal a estrangeiro em terra estranha de uma aldeia da Andaluzia, de España.. Idiomas diferentes e aprendidos de menino, por isso muitas vezes os misturo e componho.. aprendi a andar de equino, asno e besta, recebi mimos, beijos e afectos de avós, tios e tias e claro primos, primas e amigos.. Sempre recebi e tão pouco dei.. lembro o picar da barba de meu avô Juan, de chapéu de aba larga, homem grande e de braços tão fortes que içou o sino da igreja só... Orgulho tenho da sua imagem e retenho nas minhas memórias seu porte e o de minha Avó Paca (Francisca) amputada de uma perna por disparo de arma de caça.. Sempre repudiei a caça e as armas e sempre lembro minha avozinha que tanto carinho me dava.. um café que de cheiros e aromas nunca se esquecem e bolinho de festa, arrecatado para neto reservado... Mais vos digo, de cavalos grandes e bonitos os havia e um montar e dar carinhos e cuidados às bestas com respeito e sem superioridade porque cavalo é ou burro sabe quem o é homem bom... Uma foto há de cavalo branco montado por meu avô, o rei D. Carlos de Portugal, ido a España em caçada real.. Perguntou a meu avô quanto custava aquele cavalo branco que parecia de Santiago, era uma oferta para dar a sua esposa Rainha de Portugal.. Meu Avô, com solenidade e rigor, respeto, siempre acalentado en su porte y herencia, disse.. para a Rainha é e foi assim criado... Quem for a ao Palácio de Mafra encontrará por certo alguma foto da Rainha num tal cavalo branco que só Deus saberá se foi oferta di mi querido avuelo Juan Vazquez de Paymogo...
Mau Trato da Palavra..
Nos jornais, nas revistas, nos livros e até na TV.. muitos há que golpeiam a palavra.. nem Ministros escapam, professores e doutores, advogados e peritos e claro analfabetos e desvirtuados, golpeiam, sim, batem mesmo no idioma e na própria palavra.. Não sei se é por a palavra ter pouca vida, mas não vi sangrar, e dizem que a palavra está viva e tem vasos de sangue de um povo.. Acredito e reponho dia à dia excertos e temas, citações e livros.. autores e poetas, prosadores e até tocadores.. Vamos estimular e tornar a nossa língua sempre e sempre viva...
Talismã de peregrino
Contra os traficantes do Apocalipse, adquire um verdadeiro talismã apotrópico... talvez nem saibas onde adquirir, mas está bem junto a ti, põe a mão no teu peito, sente o bater, fecha os olhos e sonha a cores, dá um afecto, mesmo a teu inimigo e se for um animal em geral recebes algo nem que seja uma dentada do teu gato.. Vivo estarás se doer, e sentires espirro de pó de flor, aroma soberbo e eventualmente um sorriso e uma lágrima te fará estar tão forte e defendido de traficante de ódios e medos..
Ser Peregrino
Sempre procuramos ser algo mais do que efectivamente somos.. Tanto procuramos e insistimos em encontrar a utilidade na nossa própria condição e existência.. Teimamos e tanto tentamos empoleirarmos-nos em suportes de altura que nem andas.. Julgamos colocar-nos por ter atingido uma meta, um ponto meta eleito, majestoso trono do mundo soberbo e nem humilde vemos quão pequenos somos que num humilde traseiro continuamos apenas apoiados.. Peregrino que chega, peregrino que divulga as suas conquistas e feitos, tal como eu e outros.. mais tarde vemos que o proveito, o feito foi apenas o nosso pular de alma e coração emoção em ser peregrino deste mundo e com humildade e muita glória retemos na memória do nosso encanto o ter sido e conseguido....